Estilo de Vida
A GIRAFA E O ELEFANTE
Elefanta Mary e girafa William. Fonte
aqui.
Tradução e adaptação de Jaqueline Gomes de Jesus, para uso em sala de aula, sem fins lucrativos.
A GIRAFA E O ELEFANTE
Uma fábula sobre a diversidade
De R. Roosevelt Thomas*
Numa pequena comunidade, um senhor girafa construiu uma casa à medida da sua família. Para as girafas, a casa era maravilhosa, com o teto muito alto e as portas bem altas. As janelas, no topo das paredes, deixavam entrar uma luz excelente e tinham uma linda vista, sem comprometer a privacidade da família. Corredores estreitos permitiam economizar espaço sem serem incômodos. A casa ficou tão bem construída que lhe foi atribuído o “Prêmio Nacional ‘Casa do Ano’ para Girafas”. Os donos ficaram muito orgulhosos.
Um dia, estava o senhor girafa a trabalhar na sua oficina de carpintaria, montada com as melhores ferramentas e equipamentos, quando, ao olhar pela janela, viu que um elefante vinha descendo a sua rua: “Esse eu conheço...”, recordou o senhor girafa, “...Estivemos juntos numa comissão de pais e alunos... Vou chamá-lo para ele ver a minha oficina nova. Talvez possamos até pensar nalguns projetos em comum”. O girafa meteu a cabeça e o pescoço pela janela e convidou o elefante para entrar.
O elefante ficou encantado, também se lembrava de ter estado com o senhor girafa na comissão de pais e gostaria de conhecê-lo melhor. Além disso, já sabia que o senhor girafa tinha uma oficina nova e tinha curiosidade em vê-la. Avançou até à entrada da casa e esperou que lhe abrissem a porta.
“Entra, entra!”, disse o senhor girafa. Mas aí houve logo um problema. Embora o elefante conseguisse meter a cabeça pela porta, não conseguia entrar.
“Ainda bem que fizemos esta porta de maneira a abrir mais, para deixar entrar as máquinas e os materiais para a oficina”, disse o girafa, “Espera um minuto, que eu já resolvo o problema”. O senhor girafa desenroscou uns parafusos, tirou uma série de tábuas e o elefante, a custo, conseguiu passar pela porta.
Estavam os dois muito entretidos, a conversar sobre coisas de carpintaria, quando a senhora girafa meteu a cabeça pelas escadas que davam para o porão e chamou o marido: “Querido, vem ao telefone, que é o teu patrão”.
“É melhor eu atender. Fica à vontade, que eu posso demorar”, disse o girafa ao elefante.
O elefante olhou à sua volta. Notou um objeto de madeira, inacabado, em cima de uma bancada em um canto da oficina e quis ver melhor do que se tratava. Mas, ao passar o corpo pela porta da oficina, ouviu um barulho esquisito. Recuou, coçando a cabeça.
“Talvez seja melhor eu ir ver o senhor girafa lá em cima”, pensou. Mas, mal tinha começado a subir a escada, sentiu os degraus começando a ceder. Deu um passo para trás e bateu contra a parede, que começou a desabar. Tentou se sentar, muito confuso, quando o senhor girafa desceu as escadas.
“Mas o que se passa aqui?!”, perguntou o girafa, atônito.
“Eu só estava tentando ficar à vontade”, respondeu o elefante.
O senhor girafa olhou em volta e disse: “Bem, bem, já vi o problema. Como a porta é pequena demais para você, temos de te encolher. Aqui perto tem uma academia. Se você fizer exercício, talvez consiga diminuir de tamanho”.
“Talvez...”, respondeu o elefante, sem parecer lá muito convencido.
“Além disso, as escadas também não aguentam o seu peso”, observou o senhor girafa. “Se você frequentar umas aulas de balé à noite, tenho a certeza de que ficará mais leve. Espero que você realmente faça isso, porque gosto de te ter aqui comigo”.
“Talvez”, replicou o elefante, “Mas, para te dizer a verdade, não penso que uma casa concebida para girafas alguma vez sirva para elefantes, a não ser que se mude muita coisa”.
Moral da história:
Valorizar a diversidade é construir uma casa para girafas e para elefantes.
Questões que aqui se colocam:
Como poderemos, juntos, construir uma casa em que a diversidade seja valorizada e possa ser aproveitada de forma positiva? Em que caibam tanto girafas quanto elefantes?
* R. Roosevelt Thomas. (1999). Building a house for diversity. New York: American Management Association, pp. 3-5.
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