Estilo de Vida
Modalidades de Mobilização Massiva
Conflito entre vendedores ambulantes e policiais no centro de São Paulo, foto de Werther Santana/AE (http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,prefeitura-mantem-linha-dura-e-camelos-prometem-novos-protestos,790956,0.htm).
"Coetaneamente, as marchas pela reforma agrária, das mulheres ao seu corpo (Marcha das Vadias), das trabalhadoras do campo (Marcha das Margaridas), da população negra (Marcha Zumbi), de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (Paradas do Orgulho LGBT), de grupos religiosos (Marcha para Jesus), pela liberalização do uso de drogas (Marcha da Maconha), entre dezenas de outras, acontecem e são visíveis em todo o país, com suas dezenas ou milhões de participantes, e compõem um quadro vivo da movimentação massiva pela defesa de ideias, crenças e direitos (Jesus, 2012).
Podem ser relacionadas outras modalidades de mobilização, como as ocupações em massa de prédios, por movimentos pela moradia, e de órgãos públicos, por grupos de interesses variados, como os de grevistas e de trabalhadores rurais; ou ainda, como exemplo concreto, distúrbios envolvendo camelôs na cidade de São Paulo, que incluíram enfrentamento com policiais (Ver http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2610201114.htm).
Essas mobilizações no Brasil incluem ocupações de reitorias por estudantes universitários, que apesar de se iniciarem como movimentos de grupos organizados, repercutem junto a toda a comunidade universitária, que geralmente tem-se aliado aos demandantes.
Podem ser citadas algumas ocupações, como as ocorridas em 2007, contra a adesão da Universidade Federal do Rio de Janeiro ao programa de reestruturação das universidades – Reuni (Ver http://oglobo.globo.com/educacao/estudantes-mantem-ocupacao-da-reitoria-da-ufrj-4146976); a da Universidade de Brasília em 2008 (Ver http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=1480) e a da Universidade Federal de Rondônia em 2011 (Ver http://educacao.uol.com.br/noticias/2011/11/23/ocupacao-da-reitoria-da-universidade-federal-de-rondonia-chega-ao-50-dia.htm), ambas ações pela saída dos Reitores; e a da Universidade de São Paulo em fins de 2011, decorrente da detenção de alunos (Ver http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/11/entenda-ocupacao-feita-por-alunos-em-predios-da-usp.html), a qual foi reiterada em 2013, esta vez com base na demanda por mudanças no modelo de escolha da reitoria (Ver http://noticias.terra.com.br/educacao/usp-classifica-ocupacao-de-barbarie-reitoria-sera-reaberta-em-15-dias,724599758bd42410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html).
É razoável considerar, ainda, as revoltas de junho de 2013, de cunho popular, que mobilizaram diversos segmentos das sociedades civis de várias áreas urbanas do país, inicialmente em torno de reclamações contra o aumento de tarifas do transporte coletivo, mas cujos discursos se pluralizaram, questionando as autoridades, ao apresentar críticas quanto ao acesso e à qualidade dos serviços públicos e abordar questões estruturantes, como os direitos sociais, econômicos e de livre expressão (Maricato, 2013).
Para Tarde (1976) e Cooley (2003), quanto maior a densidade populacional, maior a competição pelos recursos que as cidades podem oferecer. Na conjuntura contemporânea, as ações coletivas se configuraram como estratégias efetivas de diferentes grupos sociais ou ideológicos na aquisição de recursos e na ocupação de espaços de poder. Mas o que a Psicologia tem a ver com tudo isso? Não seriam os fenômenos de massas objetos de análise apenas para ciências como a Sociologia, da Ciência Política ou da História?
Além dos estudos sociológicos, políticos ou mesmo históricos, os da Psicologia têm muito a contribuir no entendimento da formação das multidões e sua evolução, considerando-se esse um complexo fenômeno relacionado à sociabilidade humana, e que explicita 'a inerentemente dialética natureza do relacionamento entre o indivíduo e a sociedade' (Reicher, 2008, p. 197)" (Jesus, 2013, pp. 495-496).Jesus, J. G. (2013). Psicologia das massas: contexto e desafios brasileiros. Psicologia & Sociedade, 25(3), 493-503. Disponível em http://www.ufrgs.br/seerpsicsoc/ojs2/index.php/seerpsicsoc/article/view/3649/2266
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