Prezado Ministro da Educação, Cid Ferreira Gomes,
Estilo de Vida

Prezado Ministro da Educação, Cid Ferreira Gomes,




Serei honesta com o senhor, porque sou mesmo e sei que essa é uma característica que também prezas e adotas: decepcionei-me com sua indicação ao cargo, a princípio, devido a declarações que fizeste acerca do caráter vocacional da docência (e do serviço público).

Espero, sinceramente, que suas iniciativas futuras no Ministério mudem positivamente essa percepção. Apesar de nossas diferenças identitárias, ideológicas e políticas, concordamos que ações falam mais que palavras.

Então, deixo de blá blá blá e vou direto ao ponto: eu apoio Luma Nogueira de Andrade como Reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).

Decerto o senhor está a par dessa discussão, que felizmente saiu das fronteiras do Ceará - tendo em vista o propósito internacionalista da Unilab - e aporta aqui e ali Brasil afora, nas redes sociais, jornais e revistas.

Até aqui, nada de mais a respeito. Cada qual com sua opinião. Porém preciso prendê-lo só mais um pouco, com alguns argumentos que vão além de repetidas questões de ordem pessoal e grupal (na condição de Reitora, a professora Luma seria a primeira travesti, seguindo à primeira negra, a professora Nilma Lino Gomes, ora sua colega de Esplanada).

Listagens classificatórias geralmente são incorretas e ignoram precursores anônimos, podendo se tornar justificativas superficiais para que não se avance em mudanças estruturais. Mas entendo que Luma, como dirigente superior da Unilab, contribuirá não apenas com sua capacidade gerencial e habilidade política para agregar a comunidade universitária, mas também poderá trabalhar os liames que se pretende fortalecer com os países africanos.

O fato de ela ser branca não prejudicará a interlocução luso-africana da instituição, que se apresentará, por meio de sua figura, como catalisadora de debates interraciais e transversais contemporâneos. Integração se faz, em parte considerável, com empoderamento.

Para além de lhe falar como pensadora e cronista, eu o faço como alguém que conhece pessoalmente aquela a quem retrato.

Ela me foi apresentada, há dois anos, pela professora Berenice Bento, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, quando eu procurava uma parceira para comigo coordenar um simpósio durante o Seminário Internacional Fazendo Gênero, que então ocorreria em Florianópolis.

Nós nos encontramos pessoalmente, após contatos virtuais para formalização da proposta, no Seminário Internacional Desfazendo Gênero, em Natal. Conversamos sobre concursos docentes (não por acaso um dos temas nos quais se espera que o senhor intervenha proativamente). Sou escaldada nesse campo, não necessariamente com experiências positivas. Luma pediu-me conselhos, orientações. Ofereci-lhe as que aprendi na labuta dos certames falhados e, quanto aos vindouros, senti-me incapaz de lhe jogar mais luzes.

Ela partiu em seguida para a seleção de professores em Educação da Unilab, e foi aprovada.

Reencontra-mo-nos, nesse mesmo ano, na Universidade Federal de Santa Catarina. Felicitei-lhe calorosamente pela vitória, ao que Luma respondeu:

- Amiga, você sabe que eu só afirmo o que está escrito e assinado.

Faltava a chancela da Reitora Nilma e a publicação do Ato no Diário Oficial para que a posse fosse oficializada, como foi.

Assim é a Luma Andrade que eu conheço: uma mulher que se afirma travesti para demarcar sua luta; uma educadora ansiosa por fazer seu trabalho de professora render mais do que mero status; uma profissional da maior sensatez.

Dito isso tudo, concluo reconhecendo que o movimento Luma Lá surgiu com um belo espírito, do de que agora é a hora oportuna para alguém que atua na Unilab concentrar as forças de seu avanço, e alguém capacitado, como pessoa e profissional.

O nome está posto para o seu alvedrio, Ministro.

Respeitosamente,

Jaqueline Gomes de Jesus



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