Policiamento e Repressão
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Policiamento e Repressão


Imagem à esquerda: "Protestos na Zona Norte de SP", Mapa: Google Maps e Foto: Reprodução/TV Globo. Fonte: site G1: http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/10/cardozo-diz-que-reunira-secretarios-contra-atos-de-vandalos-em-sp-e-rj.html
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É preciso se questionar porque a demanda circunstancial do cidadão motorista, amplamente encampada pelos veículos de comunicação, por maior policiamento nas grandes vias, a fim de controlar ou impedir manifestações que interrompam o tráfego, não é acompanhada por um posicionamento crítico sobre as razões dos protestos.
À população de periferia, moradora padrão do entorno das rodovias e estradas alvo do recente debate, pobre e majoritariamente negra neste país racista, o policiamento ocorre apenas nos extremos: insuficiente e ineficiente para atender suas demandas por segurança, ou excessivamente coercitiva para controlar suas ações reivindicatórias. Isso não é privilégio do Brasil, mas dado comum em outros países que também marginalizam um determinado grupo etnicorracial, em especial pessoas negras.
A erupção da ira dos excluídos e invisibilizados desta democracia-por-se-fazer não será apaziguada pela repressão.
Enquanto isso, as mesmas mídias que dão voz a uma faixa aterrorizada da Classe Média teimam em fechar os olhos à sistemática de privilégios que envolve a questão da mobilidade e da ocupação dos espaços públicos, convergindo suas reportagens para o problema dos engarrafamentos, deslocando o foco da pergunta que realmente importa.
É importante esclarecer que:
1) os meios de comunicação não criam estereótipos e preconceitos, mas eles, ao os reproduzirem, colaboram para o fortalecimento dos discursos e representações sociais de exclusão e discriminação; e
2) a força policial, nessa conjuntura, age como expressão concreta do poder do Estado e da mentalidade das elites que aí estão. Reavaliações profundas de todos os atores envolvidos, sobre a complexidade dos conflitos ora em pauta, seriam mais ricas para a construção de uma sociedade efetivamente participativa e inclusiva do que, por exemplo, pronunciamentos abstratos sobre a natureza da violência racista e classista, que é estrutural, e depende de intervenções culturais e comportamentais das autoridades para ser transformada.



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